O mercado de drones no Brasil

Seria o céu o nosso limite? No mercado global, embora grande parte das atividades profissionais e científicas aconteçam somente sob ele, é lá, nas alturas, onde nós exploramos e inovamos. O céu é o solo fértil em que se semeia a tecnologia dos drones e ele tem se tornado cada vez mais produtivo. Dados da FAA (Federal Aviation Administration), órgão responsável pelo setor de aviação dos Estados Unidos, apontam que o setor está em grande ascensão e deve triplicar até 2023.

O surgimento

A história dos drones remonta à Alemanha da Segunda Guerra Mundial. O dispositivo foi inspirado nas bombas voadoras alemãs do tipo V-1, que ficaram conhecidas como buzz bombs – ou bombas zumbidoras – devido ao barulho que faziam. Em situações de guerra, embora fosse um alvo fácil e limitado, alcançou sucesso considerável devido à velocidade constante e à capacidade de voar em linha reta.

Posteriormente, em 1977, surgia o primeiro modelo de drone como conhecemos hoje. Ele foi desenvolvido pelo engenheiro espacial israelita Abraham (Abe) Karem, que fundou posteriormente a empresa Leading System. Ele deu origem ao Albatross utilizando poucos recursos tecnológicos, como fibra de vidro caseira e restos de madeira.

Assim, os VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) foram inicialmente concebidos para auxiliar em missões militares em que o acesso de seres humanos era arriscado, como nos casos de incêndio.

A virada de chave no Brasil

O mercado de drones no Brasil, teve sua virada de chave com o modelo BQM1BR, o primeiro VANT registrado no país. O equipamento foi desenvolvido pela CBT (Companhia Brasileira de Tratores) para servir de alvo aéreo, era movido a jato e realizou o primeiro voo em 1983.

De lá para cá, a tecnologia evoluiu a passos largos. Em 2013, com o lançamento de modelos de alto desempenho pela DJI para os consumidores em geral, o artigo deixou de ser um interesse restrito a quem possuía um hobby e tornou-se objeto de consumo das massas.

Nesse contexto, o progresso deste mercado tem proporcionado o surgimento de dispositivos com cada vez mais autonomia, facilidade de uso, alcance e qualidade de câmera. Com a popularização, novos mercados também surgiram: inspeção de redes elétricas, de pontes, usinas eólicas, fachadas de edifícios, fiscalização de fronteiras, pulverização de lavouras etc.

Além disso, com o avanço da fotogrametria – método de levantamento topográfico com auxílio de drones – a demanda por ferramentas profissionais cresceu. Como consequência, têm surgido no Brasil diversos projetos nacionais que merecem destaque.

Os VANTs do mercado nacional

Arator 5B

Primeiramente, a lista de destaques pela XMobots, uma empresa fundada em 2007 que é uma das pioneiras no mercado nacional de drones. Com sede na cidade de São Carlos (SP), a XMobots desenvolveu câmera própria para garantir a melhor performance do seu produto.

Um de seus principais drones é o Arator 5B, que se destacou por ser o primeiro a receber a homologação da ANAC para voar a mais de 400 pés ou fora da linha de visão. O modelo tem uma autonomia de voo de 60 minutos e custa em média R$ 70 mil.


Arator 5B, da XMobots.

X800 G.E.O.

Em segundo lugar, está a XFLY que também tem alcançado grande relevância no mercado nacional. As atividades da empresa começaram em 2012, na cidade de Bauru (SP) e um dos seus produtos de destaque é o X800 G.E.O, um hexacóptero com capacidade para carregar até 1,5 kg, autonomia de voo de até 30 minutos e velocidade máxima de 60 km/h.

X800 G.E.O, da XFLY.

Verok

O terceiro drone nacional de destaque é da Horus Aeronaves, empresa fundada em 2014, com sede na cidade de Florianópolis (SC). Em 2017, a Horus recebeu um aporte de R$ 3 milhões da SP Ventures, um dos maiores fundos de venture capital do Brasil. Em 2018, obteve via EqSeed – uma plataforma on-line de equity crowdfunding – o investimento de R$ 2 milhões. Esse incentivo financeiro elevou consideravelmente o patamar da empresa, tornando-a uma das líderes nacionais do mercado.

Os VANTs desenvolvidos pela Horus são de asa fixa, como é o caso do modelo Verok, um dos seus grandes destaques. A aeronave tem uma envergadura de 1,70m e pesa cerca de 3,1 kg, possui sistema de paraquedas para seu pouso e uma autonomia de voo de 120 minutos. O preço de tamanha performance chega facilmente à casa dos R$ 100 mil.

Verok, da Horus Aeronaves.

RPA ATOBÁ

Por fim, trazemos a Albatroz à lista. Ela é mais uma marca do mercado de drones no Brasil que vem conquistando relevância no país, resultado de sete anos de experiência no projeto de pesquisa e desenvolvimento de drones na Universidade Santa Cecília, em Santos (SP).

A Albatroz Brasil Drones é a fabricante do RPA ATOBÁ, que se autodenomina o mais avançado sistema de controle de voo do mercado mundial, com tripla redundância, com inercial isolado e amortecimento. Além disso, a aeronave ainda possui dupla fonte de alimentação, garantindo autonomia de até 90 minutos. Seu preço de venda é de cerca de R$ 28 mil.

RPA ATOBÁ , da Albatroz Brasil Drones

Olhando para o futuro

Que o setor tem crescido em todo o mundo, não é novidade. O mercado de drones no Brasil também está em avanço: ainda que a regularização desse tipo de aeronave tenha ocorrido tardiamente – somente em 2017 – a Agência Nacional de Aviação Civil recebeu o cadastro de mais de 40 mil drones em apenas um ano desde a normatização da atividade.

A consolidação das normativas para o voo dos VANTs no Brasil tem sido fundamental para o fortalecimento do uso de drones para fins tecnológicos por aqui, pois esse é um passo importante para alinhar o país à tendência mundial de crescimento da tecnologia.

Em relatório publicado pela FAA sobre a tendência para as próximas duas décadas, há indícios de que a utilização de drones para uso profissional está crescendo mais rápido do que o esperado e pode triplicar até 2023, diferente das aeronaves para recreação, que tem apresentado crescimento mais lento.

Este avanço traz novas possibilidades e atrai novos players. Grandes empresas como Amazon, Google e Walmart já experimentam incluir os drones na logística de entregas. Ultrapassando as fronteiras do envio de produtos, até mesmo o setor de saúde já se beneficia com a tecnologia: em abril de 2019, um hospital de Baltimore usou um drone para entregar um órgão a um paciente.

Com a pandemia do novo coronavírus, a execução de diversos serviços passou por uma verdadeira revolução, dando espaço a tecnologias como essa nos mais diversos setores do mercado.

O cenário, portanto, é promissor: quanto mais cresce a procura por esses equipamentos, sua tecnologia também evolui, aumentando os níveis de segurança, autonomia e a integração com outros sistemas, além de proporcionar a consolidação de novos modelos de negócio de entregas, serviços de saúde e até operações de busca e salvamento.

Fonte: FAA Aerospace Forecast 2019-2039

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